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ANUÁRIO FASHION: Almas gêmeas

Redação Publicado em 06/11/2011, às 16h07 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Valentino e Giancarlo Giammetti - Getty Images
Valentino e Giancarlo Giammetti - Getty Images

Yves Saint Laurent e Pierre Bergé

A parceria mais conhecida da moda aconteceu entre os franceses Yves Saint Laurent e Pierre Bergé. A história da dupla foi um belo exemplo de amor e dedicação. Bergé foi muito mais do que o administrador da marca YSL. Ele foi o alicerce que ajudou a construir um império ao lado do criativo e inovador Saint Laurent e contrapôs a depressão e o vício em drogas e álcool do estilista.

O primeiro encontro aconteceu no funeral de Christian Dior, em 1957. Saint Laurent, então com 21 anos, já trabalhava na maison e após a morte de Dior foi escolhido para comandar a área criativa da grife. Sua coleção baseada no modelo trapézio foi revolucionária e projetou seu nome internacionalmente. Após alguns desentendimentos com a direção da Dior, Saint Laurent se afastou e, em 1962, fez o primeiro desfile com sua marca homônima. Mais tarde, lançou o famoso ‘Le Smoking’, o primeiro modelo feminino de smoking da história. Bergé esteve sempre ao lado de Saint Laurent como CEO da grife e amante. A relação durou até a década de 1980, quando se separaram pessoalmente, mas não na moda.

A parceria continuou até a morte do designer em 2008, já que Bergé organizou o funeral de Saint Laurent. “Ele era um maníaco-depressivo. Exatamente no sentido real da palavra: maníaco e depressivo. Foi essa depressão que o levou ao alcoolismo e à dependência de drogas”, disse Bergé ao jornal americano The New York Times. E mesmo após a morte do amigo, Bergé segue a zelar pelo nome de Saint Laurent e comanda a Fundação Pierre Bergé - Yves Saint Laurent, que tem a missão de perpetuar o legado histórico e artístico do estilista.

Tom Ford Domenico De Sole

Essa história tem como pano de fundo uma das maiores transações comerciais que a indústria da moda já viveu. A difícil fase econômica da Gucci no início da década de 1990 quase acarretou a demissão de Ford, o designer da Gucci América na época. E isso só não aconteceu porque De Sole, então recém-nomeado CEO do grupo, intercedeu junto ao presidente Maurizio Gucci pela permanência de sua grande aposta.

Essa parceria também foi fundamental para o crescimento do grupo, porque Ford esteve ao lado de De Sole durante as negociações de compra de marcas como Yves Saint Laurent, Stella McCartney, Balenciaga e Alexander McQueen pelo Grupo Gucci. Segundo Noel Palomo-Lovinski, professora do curso de moda da Kent University, a moda é uma indústria. “Se não houver o lado do conceito, a empresa não terá sucesso. Mas se não houver um bom administrador, que cuide bem do negócio, há mais riscos de falir”, diz.

No início dos anos 2000, De Sole e Ford se desligaram da Gucci e abriram juntos a marca Tom Ford, inicialmente vendendo apenas perfumes e óculos. “Mas Tom queria voltar a desenhar coleções masculinas ready-to-wear. Ele entende o mercado e sabe que o sucesso de seu trabalho é a venda de seus produtos. As pessoas precisam amar suas criações”, disse De Sole, em entrevista ao The Huffington Post. “Ele é a pessoa mais incrível que eu já conheci na vida. É um
gênio, único”, concluiu.

Valentino e Giancarlo Giammetti

Um é introvertido e o outro, extrovertido. Um desenvolvia modelos que entrariam para a história e o outro cuidava dos negócios, do dinheiro e da imagem da grife. Juntos, o designer Valentino e o arquiteto Giammetti são sinônimos de sucesso. A parceria começou pessoal e pro_ ssionalmente na década de 1960, quando se conheceram em um café na Via Veneto, em Roma, Itália. “31 de julho de 1960. Esse foi o dia em que conheci Valentino e minha vida mudou”, disse Giammetti.

O designer já havia trabalhado com outros estilistas e, com a ajuda do pai, abriu sua própria maison. Mas o negócio não ia bem por causa dos altos gastos de Valentino. Giammetti, então, sugeriu que eles fechassem a loja e começassem uma nova grife juntos. “Nunca fui bom para cuidar dos negócios, mas Giammetti cuida das partes que não são muito agradáveis. Ele permite que eu trabalhe em paz”, afirmou Valentino em entrevista para a revista New York. Para a professora Noel, o lado administrativo deve respeitar a criatividade e permitir as inovações do designer.

“Alguma coisa aconteceu quando nos conhecemos e nunca tivemos outro momento de di_ culdade _ nanceira. Acredito no destino. Aquela noite na Via Veneto, conheci uma pessoa e imediatamente gostei muito dela”, declarou Valentino. A parceria pessoal durou cerca de 15 anos, mas os dois continuaram trabalhando juntos.

Marc JacobsRobert Duffy

O ano de 1984 está marcado na vida e na pele de Robert Duffy. A tatuagem feita por um dos maiores empresários da moda mundial em homenagem à data do início da parceria com o designer americano Marc Jacobs mostra a intensidade dessa relação.

No dia seguinte à sua formatura na escola de moda Parsons, em Nova York, Jacobs foi convidado por Duffy – que viu no jovem um talento nato – a assumir a parceria de um novo negócio. Surgiam assim a marca Marc Jacobs e uma dupla inigualável. Eles passaram por momentos difíceis, como as internações do designer em clínicas de reabilitação pelo vício em heroína. Duffy teve um papel fundamental na recuperação de Jacobs, já que foi ele quem o convenceu a fazer o tratamento. “Ele salvou a minha vida”, disse o designer em entrevista ao jornal The Wall Street Journal. “O lado operacional serve como freio para o lado criativo, que normalmente é exacerbado”, diz João Braga, professor do curso de Design de Moda da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).

Mas os momentos de sucesso superam as fases complicadas. Em 1997, já com a consagração de sua própria marca, Jacobs foi convidado para criar as coleções da francesa Louis Vuitton e Duffy permaneceu ao seu lado. “Não é pelo que faço nem pelo que o Robert faz. Nós dois juntos somos Marc Jacobs e nós dois juntos somos Vuitton”, completa Jacobs.